A reconexão com as forças vivas do planeta terra está na base da criação desta escultura-instalação, idealizada pela designer franco-armênia Delphine Araxi Sanoian desde seu encontro afetivo com o Brasil, suas florestas, seu povo, sua força criativa e com o trabalho da Tora Brasil.
KUÁ desperta os cinco sentidos do espectador e brinca com eles, de modo a não nos deixar esquecer da relação sinestésica entre a percepção humana e a natureza, que de separada de nós não tem nada, ao contrário, é justamente diante dos sentidos que nos sabemos parte inseparada do meio natural. Este objeto de arte foi concebido como uma afirmação estético-política de que nós humanos somos natureza.
Uma afirmação tão simples quanto absolutamente subversiva, em tempos de Antropoceno. Diz a artista: “A força e o desenvolvimento da vida através da árvore da vida: o banho na floresta consiste em curar-se com a madeira da natureza”. A ideia trata de aproximar os sentidos da percepção humana aos elementos da natureza.
Cinco sentidos, cinco elementos
O encontro de Delphine com o tronco oco base da peça – um exemplar da espécie Caryocar villosum ou Pequi como é conhecido - aconteceu por Cristiano Valle, da Tora Brasil, empresa que cria móveis e projetos especiais com madeira certificada. Deste encontro, a obra KUÁ teve início em um tronco com cinco metros de comprimento, com altura e largura próximas aos dois metros, o suporte para as criações de Delphine, encontrado já oco na floresta tropical pelas ações de erosão, da decomposição e de outras ações no tempo.
Com o suporte em mãos, a artista procurou o lighting designer Orlando Marques do OMstudio Lighting em busca de uma concepção de iluminação que levasse em conta o sentido da visão, o jogo entre luz e fotorrecepção. Assim, a intervenção artística suplementa a ação da natureza e borra as fronteiras da cultura, da ação do meio, da arte e do design e da ação humana no meio natural.
A parte externa do tronco foi queimada com a técnica japonesa Shou Sugi Ban, de modo a proteger a superfície ao mesmo tempo em que destaca a unicidade tátil da sua textura irregular, formando uma espécie de pele da peça. Às extremidades do tronco, na sua espessura, foram aplicadas chapas de aço inox com efeito especular. O interior da peça foi iluminado por meio de uma composição de tubos de neon, inspirada nos elementos água e ar, manifestados nos arcos-íris. A audição é estimulada com equipamento de som que reproduz sinfonia Floresta do Amazonas de Villa Lobos e ainda o olfato é trabalhado com uma fragrância criada especialmente para a escultura-instalação. A base de apoio da obra foi feita também com aço inox polido, de modo a provocar a sensação de suspensão, como se a peça estivesse flutuando no ar.
O projeto de luz no KUÁ borra também as fronteiras entre o design, a arquitetura e a arte e acontece como parceria artística com Delphine a Tora Brasil, ao compor com os jogos entre os sentidos da percepção e elementos naturais, mimetizando os efeitos da luz nas gotas d´água na natureza dos arcos íris celestes. Do mesmo modo, a iluminação ativa o interior do tronco oco, como se a água que compõe grande parte da madeira refletisse sempre o sol, em um permanente efeito de cor e de destaque das reentrâncias da superfície interna do oco. Tubos de neon nas cores azul, verde, vermelho e branco quente - de 15 a 50 cm de comprimento e formatos dobrados - foram encaixados por Delphine e Orlando nas cavidades do interior do tronco, em ajustes afinados um a um para obtenção do efeito desejado de integração entre energia e matéria. A luz permitiu a criação de paisagens a partir das texturas únicas da madeira, em composição com o espírito do projeto: o gesto artístico aliado ao suporte natural sem deixar de explicitar a intervenção, no caso da iluminação com sua marca nos equipamentos à mostra.
“No KUÁ, eu quis explodir a luz branca em cores para que a sua convivência dentro do tronco fosse tão intimista quanto no oco em si”, conta Orlando Marques.
O projeto de iluminação do KUÁ é finalista do [d]arc awards 2023 na categoria Art - Low Budget.
Até 01/3 você pode votar no KUÁ no link aqui.
Ficha técnica:
Artista:
Delphine Araxi Sanoian
Empresa:
Tora Brasil
Projeto de Iluminação:
OMstudio Lighting
Curador:
Marc Pottier
Fotografia e iluminação cênica:
Andrés Otero
Fotografia e iluminação cênica:
Andrés Otero
Texto:
Diogo de Oliveira
Fornecedor:
Stilo Neon
A reconexão com as forças vivas do planeta terra está na base da criação desta escultura-instalação, idealizada pela designer franco-armênia Delphine Araxi Sanoian desde seu encontro afetivo com o Brasil, suas florestas, seu povo, sua força criativa e com o trabalho da Tora Brasil.
KUÁ desperta os cinco sentidos do espectador e brinca com eles, de modo a não nos deixar esquecer da relação sinestésica entre a percepção humana e a natureza, que de separada de nós não tem nada, ao contrário, é justamente diante dos sentidos que nos sabemos parte inseparada do meio natural. Este objeto de arte foi concebido como uma afirmação estético-política de que nós humanos somos natureza.
Uma afirmação tão simples quanto absolutamente subversiva, em tempos de Antropoceno. Diz a artista: “A força e o desenvolvimento da vida através da árvore da vida: o banho na floresta consiste em curar-se com a madeira da natureza”. A ideia trata de aproximar os sentidos da percepção humana aos elementos da natureza.
Cinco sentidos, cinco elementos
O encontro de Delphine com o tronco oco base da peça – um exemplar da espécie Caryocar villosum ou Pequi como é conhecido - aconteceu por Cristiano Valle, da Tora Brasil, empresa que cria móveis e projetos especiais com madeira certificada. Deste encontro, a obra KUÁ teve início em um tronco com cinco metros de comprimento, com altura e largura próximas aos dois metros, o suporte para as criações de Delphine, encontrado já oco na floresta tropical pelas ações de erosão, da decomposição e de outras ações no tempo.
Com o suporte em mãos, a artista procurou o lighting designer Orlando Marques do OMstudio Lighting em busca de uma concepção de iluminação que levasse em conta o sentido da visão, o jogo entre luz e fotorrecepção. Assim, a intervenção artística suplementa a ação da natureza e borra as fronteiras da cultura, da ação do meio, da arte e do design e da ação humana no meio natural.
A parte externa do tronco foi queimada com a técnica japonesa Shou Sugi Ban, de modo a proteger a superfície ao mesmo tempo em que destaca a unicidade tátil da sua textura irregular, formando uma espécie de pele da peça. Às extremidades do tronco, na sua espessura, foram aplicadas chapas de aço inox com efeito especular. O interior da peça foi iluminado por meio de uma composição de tubos de neon, inspirada nos elementos água e ar, manifestados nos arcos-íris. A audição é estimulada com equipamento de som que reproduz sinfonia Floresta do Amazonas de Villa Lobos e ainda o olfato é trabalhado com uma fragrância criada especialmente para a escultura-instalação. A base de apoio da obra foi feita também com aço inox polido, de modo a provocar a sensação de suspensão, como se a peça estivesse flutuando no ar.
O projeto de luz no KUÁ borra também as fronteiras entre o design, a arquitetura e a arte e acontece como parceria artística com Delphine a Tora Brasil, ao compor com os jogos entre os sentidos da percepção e elementos naturais, mimetizando os efeitos da luz nas gotas d´água na natureza dos arcos íris celestes. Do mesmo modo, a iluminação ativa o interior do tronco oco, como se a água que compõe grande parte da madeira refletisse sempre o sol, em um permanente efeito de cor e de destaque das reentrâncias da superfície interna do oco. Tubos de neon nas cores azul, verde, vermelho e branco quente - de 15 a 50 cm de comprimento e formatos dobrados - foram encaixados por Delphine e Orlando nas cavidades do interior do tronco, em ajustes afinados um a um para obtenção do efeito desejado de integração entre energia e matéria. A luz permitiu a criação de paisagens a partir das texturas únicas da madeira, em composição com o espírito do projeto: o gesto artístico aliado ao suporte natural sem deixar de explicitar a intervenção, no caso da iluminação com sua marca nos equipamentos à mostra.
“No KUÁ, eu quis explodir a luz branca em cores para que a sua convivência dentro do tronco fosse tão intimista quanto no oco em si”, conta Orlando Marques.
O projeto de iluminação do KUÁ é finalista do [d]arc awards 2023 na categoria Art - Low Budget.
Até 01/3 você pode votar no KUÁ no link aqui.
Ficha técnica:
Artista:
Delphine Araxi Sanoian
Empresa:
Tora Brasil
Projeto de Iluminação:
OMstudio Lighting
Curador:
Marc Pottier
Fotografia e iluminação cênica:
Andrés Otero
Fotografia e iluminação cênica:
Andrés Otero
Texto:
Diogo de Oliveira
Fornecedor:
Stilo Neon
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